30 de nov. de 2011

Boas Vindas para AVENTURAS DE ALICE NO SUBTERRÂNEO





Autor e ilustrador
Lewis Carroll

Tradução, tipografia, concepção e projeto gráfico
Adriana Peliano

Tradução dos poemas 
Myriam Ávila

Pósfacio:

 Da ponta da língua ao bico de pena: O manuscrito de Alice 
Myriam Ávila

Uma Alice Subterrânea 
Adriana Peliano

Veja o manuscrito original completo no site da British Library



"In a meeting of the Lewis Carroll Society of North America at Harvard last April, Dr. Selwyn Goodacre, one of the most respected Carrollians in England and longtime editor of their Society's scholarly magazine, The Carrollian, gave a talk about Alice's Adventures under Ground, the handwritten and self-illustrated manuscript which served as the basis for Alice's Adventures in Wonderland. Speaking of it in today's world, he referred to Adriana's Portuguese translation—with typeface and layout matching the original—as "a total gem." I could not agree more. With care and scrupulous attention to detail, it almost convinces me that Carroll did indeed merely translate it from the Portuguese original. Her volume is a most attractive artifact of the love Adriana has for Carroll, her intelligence and artistry, and of the playfulness that abounds around Carroll's world."














AS AVENTURAS DE ALICE NO SUBTERRÂNEO

Essa é uma tradução para o português do manuscrito das Aventuras de Alice no Subterrâneo  que originaram as inesquecíveis Aventuras de Alice no País das Maravilhas [1865]. Hoje é amplamente conhecido o fato de que esse “interminável conto de fadas” foi contado por Lewis Carroll durante um longo passeio de barco com as irmãs Liddell, Alice, Edith e Lorina e o reverendo Duckworth, em 4 de julho de 1862, nos arredores de Oxford onde eles viviam. Entretanto, o que poucas pessoas sabem é que ele deu para essa Alice real, um manuscrito ilustrado por ele mesmo no natal de 1864. Dedicado como “Um presente de Natal para uma criança querida em memória de um dia de verão”, este se tornou uma ligação essencial para os estudos de Alice. Conectando a vida e a arte, ele nos oferece também a chance de acompanhar o processo criativo do autor, além da possibilidade de compreender melhor como a versão final da estória foi influenciada pelo relacionamento de Charles Dodgson (verdadeiro nome de Lewis Carroll) [1832-1898] com Alice Liddell.

Durante aquele período Carroll começou a preparar uma nova versão das aventuras de Alice para ser publicada, seguindo o conselho de alguns amigos. Nesse processo a estória original foi estendida e também modificada em vários aspectos. Novos poemas, capítulos e personagens foram incluídos e um novo texto, mais complexo e sofisticado, foi publicado em Londres pela Macmillian, dois anos após aquela famosa “tarde dourada”. Alice no País das Maravilhas foi então ilustrada por um famoso ilustrador da época: John Tenniel [1820-1914]. Suas ilustrações se tornaram clássicas, consideradas por muitos como inseparáveis do livro, mesmo que esse tenha sido um dos livros mais ilustrados de todos os tempos, seguindo a sugestão de Alice no início da estória: “De que serve um livro sem figuras e nem diálogos?”

As ilustrações de Carroll e sua letra de mão foram preservadas nessa tradução. Eu pretendia com isso preservar o charme e as peculiaridades do original que seriam perdidos com uma tipografia e um design mais convencionais. A tradução do texto buscou se aproximar da espontaneidade de um presente para uma criança especial, e a tradução dos poemas por Myriam Ávila são incríveis em seu humor e nonsense. No posfácio Myriam conta a história do manuscrito e eu comento as ilustrações de Carroll. 

Acredito que esse possa ser um presente para o público brasileiro, em especial para os amantes de Alice. Essa é uma replica de um dos mais maravilhosos presentes que uma menina já recebeu em seu “desaniversário”, uma carta de amor escrita não apenas para aquela que foi um dia considerada “ o ideal de menininha” por Lewis Carroll, mas à todas as meninas do mundo. Intenso convite para o fascinante universo de Alice/Carroll, que num dia mergulhou num poço profundo e ainda nos convida a mergulhar também.


A HISTORIA DO PROJETO

Vou contar um pouco a história desse projeto. De 1996 a 1998 ilustrei as duas Alices de Lewis Carroll através de colagens utilizando objetos diversos, surpresas, fotografias e imagens vitorianas. Essas ilustrações não foram publicadas mas o trabalho foi apresentado em Oxford em 1998 na comemoração do centenário da morte de Lewis Carroll, em Christ Church, universidade onde ele ensinou e viveu. 

Depois de três anos mergulhada nesse universo literário e artístico para criar minha ilustrações, cercada de livros complexos com diferentes leituras da obra,  resolvi me voltar para a simplicidade do manuscrito das Aventuras de Alice no Subterrâneo. Ali estava a semente, delicada e potente da obra que já foi considerada mais citada depois da Bíblia e de Shakespeare - Aventuras de Alice no País das Maravilhas. Voltamos às primeiras ilustrações da obra, criadas pelo próprio autor antes da canônicas ilustrações de John Tenniel, que influenciaram a maior parte das ilustrações de Alice desde então.

Depois de estudar Alice no País das Maravilhas e suas traduções, resolvi traduzir o texto do manuscrito. Foi quando eu tive a incrível idéia de preservar as ilustrações originais, a diagramação do manuscrito fazendo uma colagem com a letra de mão do autor. Muitos anos depois teria a chance de desenvolver uma fonte tipográfica digital simulando a letra de Lewis Carroll. No primeiro momento eu colecionei exemplos das letras escritas no manuscrito e fui colando uma por uma para montar o texto. Um trabalho insano. Como diria o Gato de Chershire, todos nós somos loucos senão não estaríamos aqui!

A três anos atrás conheci Myriam Ávila, pioneira no Brasil no estudo do nonsense e especialista na obra de Lewis Carroll. Myriam traduziu os poemas e escreveu um posfácio contando a linda história do surgimento e da história do manuscrito. Eu escrevi um texto sobre as ilustrações de Carroll no panorama das ilustrações de Alice. (Leia AQUI)

Penso que a concepção desse projeto é como um Ovo de Colombo. Depois de realizado pode parecer uma idéia evidente, mas é realmente inédita,  segundo pesquisa realizada entre os colecionadores que fazem parte das Sociedades Lewis Carroll da Inglaterra e dos Estados Unidos

Em 2010 fundei a Sociedade Lewis Carroll do Brasil que desde então tem realizado uma série de atividades artísticas e culturais sobre a obra de Lewis Carroll e a presença de Alice na cultura e na arte contemporânea. Temos dois blogs onde reunimos extenso material de pesquisa: alicenations e brasillewiscarroll.



colagem de Adriana Peliano sobre ilustração de Lewis Carroll



ADRIANA PELIANO é designer e artista visual. Mestre em "New Media Arts" pelo Kent Institute of Arts and Design, Inglaterra (2003), e Mestre em "Estética e História da arte" pela USP com a dissertação "Através do Surrealismo e o que Alice encontrou lá" (2012). 
Ilustrou o livro de Kátia Canton "Lewis Carroll na Era Vitoriana" (DCL). Fundadora e presidente da Sociedade Lewis Carroll do Brasil.

MYRIAM ÁVILA fez mestrado em Inglês - Literatura pela Universidade Federal de Minas Gerais (1986) e doutorado em Literatura Comparada pela Universidade Federal de Minas Gerais (1994). Estudou na Universidade de Kassel, Alemanha (1987-1989). Pós-doutorado na USP (2004-2005). 
Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Teoria Literária, atuando principalmente nos seguintes temas: viajantes, memória, nonsense e estranhamento. Autora de "Rima e solução: a poesia nonsense de Lewis Carroll e Edward Lear ” (Annablume), “ Retrato na rua: memórias e modernidade na cidade planejada” (Ed.UFMG) e "Douglas Diegues por Myriam Ávila" (Eduerj).



Adriana Peliano
Foto Paulo Beto

Um comentário:

William Garibaldi disse...

Oi Adriana, eu conheci o seu trabalho numa destas sincronias do poço certo na hora certa e me encantei. Sou apaixonado por Alice... e quero me tornar men=mbro de sua Fundação Lewis Carroll como faço?
To seguindo o Blog.
Bjus

William