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A flormosa Ong Orientavida, a cenografia mágica do Caselúdico, a Alice Disney e a curadoria alicedélica de Adriana Peliano se encontram em uma nova aventura no mundo de Alice no país das maravilhas. Nessa explosição cada um se torna também uma Alice entre selfies e interações, espelhos delirantes, brinquedos ópticos e outras aventuras.
Seguem algumas imagens da exposição "Experência Alice" que nos convida a mergulhar no mundo de Alice e dos personagens estrombóticos do país das maravilhas. Fiz a curadoria da primeira sala desse grande jogo, mostrando Alice em sua potência de transformação. Essa sala reúne um barco, um labirinto de espelhos e portas enigmágicas que dão passagem para que a imaginação e a loucura criativa viagem conosco na criação de novos mundos. Estão presentes na exposição 70 edições de Alice da minha coleção particular que interagem e dialogam entre si mostrando múltiplos caminhos de leitura da obra. E de que serve um livro sem figuras e nem diálogos? Pensou Alice.
Porta 1: O passeio de barco numa tarde dourada.
Porta 2: Alice em um labirinto de espelhos.
Porta 3: As sete chaves de Alice.
Porta 4: Alice na Disneylândia.
Passando a primeira sala mergulhamos no universo da Alice clássica de Walt Disney em uma experiência alicedélica atravessando 12 salas com desafios e enigmas. A cenografia foi criada pelo time criativo do Caselúdico, responsável por projetos expositivos memoráveis como as recentes exposições do Tim Burton e do Castelo Rá-ti-bum, entre outros.
Animação mágica em Flare promove encontro entre
o manuscrito original das Aventuras de Alice no Subterrâneo (1864)
escrito e ilustrado por Lewis Carroll,
as ilustrações clássicas de John Tenniel para The Nursery 'Alice' (1890)
e a Alice de Walt Disney (1951).
A engrenagem se torna passagem para os personagens transbordarem
do livro para novas mídias e linguagens.
Sala Lewis Carroll
Curadoria, textos e montagem de vitrines: Adriana Peliano
Cenografia e flare: Caselúdico
Participação especial: desenhos cenográficos por Karina Matulevicius
Entrevista com Adriana Peliano.
De onde surgiu a ideia de montar essa exposição?
A idéia partiu da Celeste Chad da ONG Orientavida que tem desenvolvido nos últimos anos uma parceria com a Disney na criação de objetos de decoração e de desejo lindos e elaborados, feitos à mão e com muito carinho. Eu fui então convidada pela Celeste para participar da exposição ‘Experiência Alice’ juntamente com o pessoal do Caselúdico que tem desenvolvido nos últimos anos várias exposições originais e desafiadoras.
A minha parte seria contar por meio de textos e imagens como surgiu a história de Alice além de mostrar diferentes leituras da obra através da ilustração. Essa participação se concentra na primeira sala que apresenta um amplo repertório de imagens com mais de 60 edições dos livros de Alice de várias épocas e países que fazem parte da minha coleção particular. Os livros estão presentes em um labirinto de vitrines no qual as imagens dialogam umas com as outras convidando o público a criar também novas relações. Além de montar os livros ao lado de objetos enigmáticos, escrevi os textos e fiz colagens para as portas dessa sala. Esse ambiente revela visões instigantes das múltiplas possibilidades criativas que a obra desperta. Isso se potencializa com o trabalho criativo do Caselúdico ao longo das outras salas dessa exposição que articula a cenografia e a tecnologia para criar lúdicas narrativas espaciais em que o público possa participar de corpo inteiro viajando em novos mundos.
Por que Alice continua relevante ainda hoje?
Alice é uma obra mágica e multidimensional que gera um campo poderoso de possibilidades criativas. Já foi interpretada segundo as abordagens intelectuais mais diversas, além de ter sido um dos livros mais ilustrados, citados e recriados da história. Isso se deve em grande parte aos paradoxos e enigmas que apresenta abrindo múltiplos caminhos para o leitor. Alice é uma obra aberta e sempre em movimento. Com ela somos convidados a viajar em um mundo desconhecido regido por uma lógica inusitada e surpreendente. Isso desafia as formas acomodadas e aprisionantes de se entender a arte e a vida, o espaço e o tempo, a realidade e o sonho e mesmo quem somos, abrindo portas na imaginação e no pensamento.
Novas Alices nas diversas artes e linguagens nos convidam a procurar o jardim das inesgotáveis possibilidades criativas que existe em cada um de nós. “Quem é você?” pergunta a lagarta e Alice não sabe responder depois de tantas transformações, dando voltas ao mundo em 151 anos entre inúmeras invenções malucas e maravilhosas. Criei para a exposição o conceito das sete chaves de Alice que nos convidam a mergulhar na obra e ao mesmo tempo trazer essas ideias para a nossa vida cotidiana. As histórias de Alice têm sabor de curiosidade, viagem, sonho, metamorfose, nonsense, criatividade e um convite para um novo tempo acreditando em nossos sonhos e despertando para novas realidades.
Como funciona a Sociedade Lewis Carroll do Brasil? Quais atividades vocês exercem?
A Sociedade Lewis Carroll do Brasil é uma associação com fins criativos, que visa estimular a criatividade, a investigação e a admiração pela obra de Lewis Carroll, em especial os livros de Alice. Promovemos o jogo de idéias, a troca de informações, o estímulo à criação artística e à pesquisa, a produção de eventos culturais multimeios e a divulgação de informações sobre a vida e a obra do autor inglês. Nosso foco é apresentar Alice como um portal de sonhos e criação de novas realidades através do encontro amoroso entre a imaginação e o pensamento. Temos planos de desenvolver novos projetos ligados à educação e atividades criativas envolvendo crianças de 0 a sem anos.
Essa Sociedade foi fundada em 2009. Desde então nossa atuação tem sido intensa e diversificada, com destaque para as atividades produzidas por Adriana Peliano. Entre elas foram realizadas palestras no Brasil e no exterior, oficinas de arte e colagem, blogs com amplo material de pesquisa, publicação de livros e artigos. Também produzimos instalações artísticas interativas e eventos literários e culturais com a participação de vários membros da Sociedade e convidados especiais, como os integrantes do Grupo Oficcina Multimédia de Belo Horizonte, a professora de literatura Thereza Vasques, os escritores Wilson Bueno e Cláudio Willer, entre outros. Destaque para a participação do músico e compositor Paulo Beto, produtor e diretor musical. Esses eventos reúnem palestras, leituras de poemas, música ao vivo, contação de histórias e alicedelias.
Existem algumas importantes Sociedades Lewis Carroll em diferentes partes do mundo. Entre elas a pioneira Sociedade inglesa (Lewis Carroll Society), a americana (Lewis Carroll Society of North America) e a japonesa (Lewis Carroll Society of Japan), que nas últimas décadas têm promovido diversas atividades literárias e culturais além de publicar importantes periódicos sobre a vida e a obra de Lewis Carroll.
Adriana Peliano é artista visual, designer, ilustradora, escritora e uma espécie de Alice. A colagem em diversas manifestações estéticas é a marca de sua produção artística. Em 2009 fundou a Sociedade Lewis Carroll do Brasil, uma associação artítisca dedicada à obra do autor dos livros de Alice. Entre os livros publicados destacam-se a tradução e o projeto gráfico para o manuscrito das “Aventuras de Alice no Subterrâneo” de Lewis Carroll publicado em 2011 pela editora Scipione, com o qual recebeu um prêmio Jabuti e suas ilustrações para a edição comemorativa dos 150 anos de Alice lançada pela editora Zahar em 2015. No mesmo ano deu palestra em Nova York sobre Alice nas artes visuais no aniversário da obra celebrado pela Lewis Carroll Society of North America.
Há algo mais que gostaria de dizer?
Alice é um portal enigmágico, um mapa em movimento, um caminho inesgotável, um jardim de metamorflores e borboletras híbridas. Palavras inventadas, um convite ao despertar.
Colagens Adriana Peliano
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