5 de set. de 2013

Ali se floram Allis...

Adriana Peliano

Adriana Peliano
Allis Anis: Clara Campos / foto: Gabriela Rassy


Era um dia Is. Veio uma noite Lis. No seu céu sem nuvens uma chuvem de coelho branco desbrochava e passarinhava dentro de um sonho acordado da menina Ali sim. Quando tão pequena antes de dormir, seus sonhos se soltavam como bolhas de sabão envoltecendo seus céliocílios de ventamias e brisabrilhas. Bastava escolher o mais querido e Ali se ir. A bolha então expandia e explodia e irradiava luzes e desejos de anuventuras. Nasceu Ali seu amor pela nuvem e desde então olhava o céu e desejava que uma plumida maciez galante virasse um coelho branco só para ela. A nuvem então destilava jasmininas e a thumbelinda se bebia em sonhos e sonos e sons e oms e tão bom e mãos e aõs e ans e assim ali se ia.



Adriana Peliano 
foto: Gabriela Rassy

Antes de acordar ela abraçava tanto a nuvem que achava que iria então voltar com ela para sua quase nuvem da cama de cá, feita de travesseiros de plumas e penas e pêlos e peles, lençóis molhados e névoas em véus e dorcéus de voal voando para dentro de sua toca toque em seus subterrâneos telúricos de algodão. A nuvem em pêlo então nuvenceu e a menina acordou e descobriu que podia ali se plantar em pólens de sonhos e bolhas de condão de lua de mel em coelhos de licor de melissalis e então ninar e mimar a sua sede de infimito. E assim choveriam lágrimas em flor e néctar de ardor.



Adriana Peliano 
foto: Patrícia Saito

Os sonhos plantados foram enfeitiçados pela noite dela e açucarados por poeiras magicósmicas, explosões de estrelas e olhares que convidam para além do oceamo. A nuvem entumeceu. A nuvem suspirou. A nuvem anuviou bolhas de cristal, sementes pluviais de peladelos amaravilhosos. A nuvem transbordou. As bolhas bolharam, borbolharam e borboletaram bolhuras. Nesse dia a nuvem chorou sonhos de lágrimeninas. A florrio Allis e a nuvem coelho se desfaleceram em petalágrimas que iriam brindar brincando o jardim da menina Alice, aquela de tanto tempo, aquela que desmilinguiu de saudades, aquela que olhou nos olhos do professor de amartemática num passeio de barco e vislumbrou uma porta para o impossível. Sobre o rio rindo de risos e riscos eles plantaram um sonho aonde flornasceram fontes de desejos e eterno encanto.


Adriana Peliano
Allis Anis: Clara Campos / foto: Marina Peliano


Das coelhuras da meninuvem hoje chavem duas floresminas – Allis Anis e Allis Hybris. Allis Anis é de um azul espetalante de um ovário alado do céu cemfins. Um azulindo azulante delírio lasuli amante, azul do rio, azul da flor Novalis, azul das dobras do vestido em fuga, azul do pássaro que livre em mim, azul da lagarta que perguntou quem era e alertou para manter a calma, para não atropelar o fluxo das águas, a delicadeza misteriosa dos casulos, a borbolentamenteamante florescida em novamante azul do seu da boca. Sabemos até que um dia ela brilheceu em estrelas na luz do dia amante. Menina flor anis, tinha dons alquimicaminhos da entrega ao fluxo da vida e ao ritmo da respiração bluamante. Menina azul despetalante rega banhos de amor e sortilégios e beijos de bem te vim, chorando poções de fadaladas e convites para um bem me queres toda sua, para sempre céu e amar.



Adriana Peliano
Allis Hybris: Clara Campos / foto: Gabriela Rassy

Das coelhuras da meninoite chovejam duas floresminas – Allis Hybris e Allis Anis. A nuvem chorou rios de gotas de játeameixa e lástima, mares de florestas de flores e amores e amoras em corações de copas, aonde meninas podem perder a cabeça e a capa e se desflorar e se tornar rainhas antes da flora. Alis Hybris é de um vermelho alicinógeno. Um vermelho óleos flamejantes de gordas ondas de psicodelícias, de flores vermelhas em olhos de ressaca de perder-se em desmedidas e desmesuras, com a cabeça voando entre nuvens como uma serpente espiraloucada que logo lança a cabeça em suas próprias sapatilhas de vermelho em sangue brindando danças serpentinas e fumaçabismos, cogumelias e alicinações. Se despetala em fantasia e furia de uma rainha de cale-se que quer cortar nossa cabeça em cor e cólera, coroação escarlate e morte, rosas vermelhas e rosas brancas pintadas de sangue, mergulhos fogozosos em frutas másinsanas e romãs infernais, balões carmesim que explodem princesamantes. Hybrisbrilhante sua flor vermelha proliflora medicinas do balanço manso dos deslimites desejantes do mar de rosas e horizontes magicósmicos para sempre em mim.


Adriana Peliano

Bebida Allis Anil Anis
Criação de poção mágica alicinante: Junior WM / foto: Gabriela Rassy

Adriana Peliano

Bebida Allis Ruby Hybris

Criação de poção mágica alicinante: Junior WM / foto: Gabriela Rassy

E as duas meninas e suas manias – Allis Anil Anis e Allis Ruby Hybris - nascem flores e amorameixas, num suclo fluxofluente de águas e bebidas florescentes, bebidas bebam-me florespíritos de cores místicas, flor de lágrima que quente, lente e sente, entre lentamente sua, sonho em bolhas e borbulhas de um mar sem fim como um conto de fadas em que o mar ondula por cima e engravida a noite de sonhos loucos que aguardam nas cavernas pulsantes do coração o nosso mais interno despetalar, tão sonhado despertar.


Adriana Peliano
foto: Gabriela Rassy
Adriana Peliano
 foto: Gabriela Rassy

Hoje nascem as duas meninalistwins em nuvens cem cabeças de uma viagem semfinda em busca do jardim que num outro tempo Alice no País das Maravilhas vislumbrou através de uma misteriosa portinha verde, um jardim de cores que cantam e águas que enfeitiçam dores, odores e amores jorrando desejos de transformação e metamorfases temperadas com saudades do desconhecido. Nessa viagem cada flor que nasce vira também uma bebida bêbada bebame goles e engoles, contagiando sonhos que semeam e brotam e bolham e prolifloram verdadeiros anseios de sim mesma ir.



Adriana Peliano
Allis Hybris: Clara Campos / foto: Gabriela Rassy



Esse sonho é um episódio da estória das meninas Allis, e foi apresentado em performance nos salões CIRCUS HAIR  na  rua Augusta e na rua Pamplona no dia 31 de agosto de 2013.
Saiba mais nos próximos posts.



Adriana Peliano
Allis Anis: Clara Campos / foto: Gabriela Rassy

Every time she returns from the Looking Glass, Alice is anxious, not knowing if it was all her dream or if it was actually a dream of the Red King, and if so, when he woke up, would she disappear like the flame of a candle? As a child, I also used to say inside my nightmares that it was all my own dream, and when I woke up all the monsters would disappear immediately. 

Alicinated from many adventures and reinventions, I'm creating new adventures for Alice, Alix, Allis, and many others who cry, grow and dive within myselves. Before bed when I was a child, the dreams used to come flying like soap bubbles and so I could choose my journey every night to mystical realms. These new travels will be born again in performances and oneiric games, and each new Alice will create, sow and pick her own dreams. Doing so, they will realize that life is also a dream, waking up to multireality, maybe surreality, a kingdom of wanderwonders and alicinations. 

All will take place in constellations of dreams, interconnected cartographies of awakenings in crystal bubbles and mist clouds and pollens in magical cycles of transmutation into rivers of tears and laughter, an alchemy to seek ourselves in awakened dreams. Alicinated about Alice and her adventures in the world of literature and arts, Adriana Peliano is a contemporary Alix who is planting a world of dreams where new Allises wake up in magicosmic adventures. 

As with the river where the first story of Alice in Wonderland was told, the new Allises are in constant metamorphosis and transformation, between lucid dreams, rivers of tears and laughs of light, seas of petals of roses and hearts, gardens of enigmagic dreamingdrinks and rabbit clouds where dreams are planted, sprouted, exploded and spread. In waves of rainy magics, little by little, a series of stories, exhibitions, performances, workshops, publications and unpredictable impossibilities will flourish. Follow the cloud rabbit and these multiple alicinations will open new paths for free imagination, pregnant with new realities.

Um comentário:

Mariana disse...

Adriana, teu texto está fabuloso. Nada menos que isso.
Viajei com ele, numa cadência de justaposições oníricas, que me levou a uma poesia do inconsciente. Só as palavras criadas já me seriam um presente. Mas elas servem à função de nos levar, de fato, para um plano que não conseguimos adentrar pela sintaxe padrão. Pela dimensão textual 2D.
E, te acompanhando, mesmo que de longe, vejo como ele dá pistas da Alice que está incorporada em ti, há tanto tempo, maturando, metamorfoseando, dizendo pra você quem realmente você é, e que o sentido disto tudo, está unicamente em ti, minha querida.
Obrigada por nos apresentar tantas Alices. Por trazer como um presente o teu universo.
PS: Felicidade em ver você e Junior WM criando juntos! Que alquimia linda :)
Grande beijo!
Mariana Nobre